O vetor anti-consumo da sustentabilidade

(Last Updated On: 16 de novembro de 2016)

 

Sustentabilidade é um assunto relativamente novo embora amplamente debatido pela sociedade. Tem sido freqüente ver o tema sendo discutido nos seminários de tendências, nas agencias de comunicação e pelos marketeiros em geral como condição essencial ao posicionamento das empresas perante ao mercado daqui para frente.

Como se  trata  de um assunto que ainda não se esgotou, muito ao contrário,  existem em suas raízes diferentes vetores que conduziram  pessoas ou grupo de pessoas a se identificarem com o fator sustentabilidade, como por exemplo as ONGs preocupadas com os direitos humanos, alimentação natural, reaproveitamento ou reciclagem de materiais e também movimentos anti consumo.

É bom que se frise que anti consumo não quer dizer consumo zero, mas sim um consumo consciente, responsável.

Possivelmente com a expansão do movimento de sustentabilidade, essas raízes que se encontram sob o bojo do mesmo guarda chuva começarão a ter personalidade própria e se destacar do movimento que lhes deu origem ou acolhida.

Nessas vertentes cabe notar que as aspirações anti consumo são muito freqüentes e se encontram no âmago da insatisfação do consumidor com o atual movimento de consumo que estimula a demanda de produtos de grife, o uso de transporte individual, demanda por supérfluos e outros bens que geram um esforço enorme da sociedade em obtê-los,  numa espiral infindável de necessidades nem sempre justificáveis. A ansiedade decorrente das frustrações de não se possuir algo, estimulam comportamentos que sabidamente reduzem a qualidade de vida.

Torna-se cada vez mais claro que somente uma mudança no comportamento de consumo pode reduzir os desequilíbrios ambientais sociais e econômicos.

Há um consenso entre esses grupos que o enorme poder econômico detido durante anos e anos pelas grandes corporações e estimulado através da propaganda e da comunicação, conduziram as pessoas a um condicionamento de consumo que começa a ser agora duramente questionado. Existem já vários movimentos em diversos países que usam a internet como campo de debates e que se posicionam contra o consumo. Entre eles cabe destacar o Freegans (www.freegans.info) que consiste de um grupo de pessoas que tem como meta desenvolver estratégias alternativas de vida através do consumo mínimo de recursos,  o Movimento Anti Consumo  nos EUA e no Canadá onde há em andamento um plano piloto para a redução de consumo e melhor distribuição da renda e o Adbuster (www.adbuster.org) que busca caminhos alternativos para um consumo consciente alem de uma centenas de outros sites que poderiam ser mencionados e que se propõem aos mesmos objetivos.

Um recente estudo desenvolvido por acadêmicos do Rio de Janeiro que  acompanhou, via web, grupos de afinidades com foco na sustentabilidade, identificou a existência de vetores anti consumo como aspectos latentes, presentes nas discussões sobre o tema.

As empresas, por outro lado, encontram-se amarradas em um sistema onde o crescimento é a mola propulsora do lucro e do desenvolvimento e trabalham incessantemente para ampliar a demanda de seus produtos, consumindo recursos naturais que estão se extinguindo rapidamente. Os grandes grupos de investidores que hoje atuam sem fronteiras exigem performances cada vez melhores das empresas nas quais participam, criando assim uma meritocracia selvagem .

Esta situação, que se contrapõe às aspirações anti consumo do mercado, alimenta desequilíbrios cada vez maiores que serão levados a termo  em um futuro próximo.

Cabe aqui uma reflexão para os profissionais que se dedicam a área de comunicação: Como será o marketing, a promoção e a propaganda diante de um cenário anti consumista?

Como esta atividade, na qual me incluo, poderá viver num mundo onde as reduções de consumo serão cada vez mais estimuladas e as demandas questionadas?

Qual será a abordagem correta aos consumidores nas ações promocionais e de propaganda quando essas tendências se consolidarem?

São perguntas que, em breve, precisaremos estar preparados para responder.

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