De volta ao café

(Last Updated On: 1 de março de 2016)

Texto escrito por Francisco Madia, diretor da Madia Mundo Marketing e da Madia Marketing School.

 

O novo milênio marca o reencontro dos brasileiros dos grandes centros urbanos com o café de qualidade. Estavam distantes há décadas. Desde as chegadas das primeiras máquinas de café expresso nos anos 60, e, passado o entusiasmo inicial, continuamos tomando café de forma habitual. Levava-se a xícara à boca muitas vezes ao dia automaticamente.

Da virada o milênio para cá o papo é outro. Reencontramo-nos com o café de qualidade e todo o ritual envolvido na experiência. Cada xícara de café, um momento de especial e  merecido prazer, em meio a correria que se transformou nossas vidas. Hoje, as grandes cidades do país, muito especialmente São Paulo, estão “espetadas” por dezenas de cafeterias onde o ritual se repete várias vezes ao dia. E quem deu sentido a tudo isso, referenciando-se no que viu em TURIM e ROMA foi HOWARD SCHULTZ, com seu STARBUCKS, que ensinou a todos os players que com ele aprendem, que para muitas pessoas e finalmente, a cafeteria é o desejado e indispensável terceiro lugar: a casa, o trabalho, e a cafeteria. Um oásis no caos das grandes cidades.

No início deste ano a VEJINHA decidiu “fotografar” as melhores cafeterias da cidade de São Paulo e conhecer o hábito dos apreciadores de café de qualidade, através de pesquisa realizada pelo Departamento de Inteligência de Mercado da Abril Mídia. Descobriu que apenas 9% dos paulistanos conforma-se com uma única xícara de café por dia, e que 41% tomam um mínimo de 4 xícaras. Para se ter uma ideia da importância das cafeterias, só perdem para o consumo em casa – 73% e no trabalho – 69%. Metade dos apreciadores toma café em ambientes voltados para oferecer e garantir uma extraordinária experiência de compra/consumo.

Uma das surpresas da pesquisa foi descobrir que 19% dos apreciadores do café de qualidade recusam-se a colocar qualquer espécie de adoçante – nem açúcar, nem os adoçantes artificiais. Do total dos entrevistados, 37% não possuem máquinas de café em suas casas – 27% possuem cafeteiras simples, 23% máquinas para expresso em capsulas ou sachês. Apenas 20% não frequenta as cafeterias, e dentre os que frequentam, 9% o fazem todos os dias. De certa forma, embora a pesquisa não tenha perguntado exatamente isso, fica bastante claro que algumas pessoas não pedem mais café nos restaurantes, se existir uma cafeteria próxima. Almoçam, e, depois, tomam café na cafeteria. Não apenas pela qualidade melhor da experiência, como também pelo preço. Algumas vezes, 50% menor que o dos melhores restaurantes.

Nos anos 1960, era programa de final de semana dar um pulinho a CONGONHAS – quem tinha carro, claro -, e saborear um expresso de uma das primeiras máquinas que chegaram a cidade. Mas adiante, muitos aproveitavam para tomar esse mesmo café de qualidade, nas máquinas da avenida São João, ou no Gonzaga, em Santos. E isso ficou no passado. Era esporádico e pontual. Hoje, mais de quarenta anos depois, o café de qualidade retornou com tudo. E muito desse crédito deve ser concedido a quem teve a virtude de entender que mais que querer tomar um café as pessoas queriam ter um possibilidade de paz e tranquilidade em suas vidas, ao sabor de um delicioso café.

Os italianos nos ensinaram a tirar e servir o café; HOWARD SCHULTZ a transformar e agregar a esses ensinamentos outros e inconfessados desejos nossos; mas, mais que evidentes para quem teve a sensibilidade de perceber.

Francisco Alberto MADIA de Souza é considerado a maior autoridade em marketing do país, segundo pesquisa realizada pela Toledo e Associados para a ADVB – Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil. Trabalhando há 44 anos em marketing, há 31 MADIA é Diretor Presidente e Sócio do MADIAMUNDOMARKETING – empresa líder em Consultoria de Marketing.

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