Mãekerting

(Last Updated On: 31 de janeiro de 2013)

 

Olá, para quem não me conhece, sou Thaís, formada em Economia, gerente comercial das 9 às 18h, mãe de primeira viagem em período integral 24×7 e pós-graduada em mãekerting alimentar.

Quem tem filho pequeno como eu sabe que fazer o filho comer pode ser uma batalha. Manu tem praticamente 2 anos e já é cheia de gostos e preferências. Geralmente, eu inicio as refeições com aviãozinho e termino numa súplica desesperada.

Um final de semana destes travamos uma batalha, eu, Manu e um ovo cozido, numa conversa mais ou menos assim (e é aqui que eu aplico todo meu conhecimento de mãekerting alimentar) :

– Vuuum Olha o aviãozinho! Abre a boquinha!

– Não

– Olha só que delícia este ovo filha! Mamãe vai comer um pouco. Huuumm tá muito bom! Come este pedaço aqui.

-Não. Miqui (tradução: Mickey. É um macarrão em formato de Mickey)

-Hoje não tem Mickey Manu, mas tem ovo. Come o ovo.

-Não. Miqui.

-Manu, vc não imagina quem botou este ovo!? A galinha pintadinha! Experimenta para você ver que gostoso.

-Não. Miiiiquiii.

-Filha, sabe quem adora ovo? O Patati e o Patatá! Você não gosta do Patati e Patatá? Então come este ovinho.

-Não. Miqui, miqui, miiiiiiiqui!

-Manuela, come esta porcaria deste ovo já!

-Nãããão!

-Manuela eu vou contar até 3…

-Nããããão (esmaga o ovo com as mãozinhas, começa a jogar no chão e a passar no cabelo)

-MANUELAAAA!

-NÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!! (joga o prato no chão, passa ovo na cara, no cadeirão, em mim e em qualquer coisa ao seu alcance)

 

Placar final 10 a 0 para a Manu, nenhum pedaço de ovo consumido e muito ovo pela casa que deixou um cheiro indescritível, cheiro este, aliás, que não sai com nada. Tentei de tudo: veja, álcool, sapólio, bom ar, limão, padre, pastor, pai de santo…

Agora, se fosse o tal macarrão do Mickey, ela tinha comido um prato cheio. Diga-se de passagem, qualquer alimento com formato diferente é adorado, se for ligado a algum personagem então, nem se fale. Nuggets comum não, nuggets da Mônica em formato de estrela sim. Batata comum assada não, batata assada em formato de smile sim.

Eis que esta semana  li sobre o projeto de lei  do senador Eduardo Amorim que prevê vedar a promoção e a comercialização de refeição rápida acompanhada de brinde, brinquedo, objeto de apelo infantil ou bonificação.

A Pesquisa de Orçamento Familiar, do IBGE, de 2009 identificou que mais de 30% das crianças brasileiras têm sobrepeso e 15% delas são obesas na faixa entre 5 e 9 anos. Com este cenário, parece uma lei fantástica não é? Mas será que ela não poderia ser um pouco modificada, melhorada?

Meus amigos, eu lhes pergunto: quer dizer que parte da causa da obesidade infantil é o brinquedo associado à comida e não a comida de fast food em si?

Por que não aproveitar este momento e criar uma lei que obrigue aos fast foods comercializar comida saudável acompanhada de brinde, brinquedo, objeto de apelo infantil ou bonificação ajudando assim mães desesperadas como eu?

Caro Senador Eduardo Amorim, segue aqui minha sugestão: que a lei exija combos de comidas saudáveis associados a brinquedos e brindes infantis e não sua proibição porque não acredito que a solução seja a proibir e sim estimular nossas crianças a comer decentemente!

E vivam os combos de arroz, feijão, filé mignon, salada e suco de uva da Galinha Pintadinha, batata assada com frango grelhado, brócolis e água de coco do Patati e Patatá e, claro, o meu predileto, arroz integral, ovo cozido, couve-flor e laranjada, este do Mickey, por favor.

Deixe seu Comentário