Dinossauros ao entardecer

(Last Updated On: 11 de novembro de 2016)

 

Texto escrito por Francisco Madia, diretor da Madia Mundo Marketing e da Madia Marketing School.

 

Segundo o AURÉLIO, DINOSSAURO era o “nome comum a diversos répteis terrestres, que viveram na era mesozoica, nos períodos triássico, jurássico e cretáceo. Muitos eram herbívoros, outros carnívoros, alguns de grande comprimento e altura, outros médio e outros, ainda, de pequeno porte”. Não sobrou nenhum para contar a história, com exceção de fósseis em museus pelo mundo. Já as baratas, 70 milhões de anos mais velhas que os dinossauros, permanecem pelo mundo, vida, casas, para o tormento das pessoas. São mais de 5.000 espécies. Explicação? “Não são as espécies mais fortes e nem as mais inteligentes que sobrevivem, e, sim, as mais sensíveis às mudanças” CHARLES DARWIN.

Os DINOSSAUROS da sociedade industrial – todos, sem exceção – estão agonizantes. Você cruza com seus produtos todos os dias nos comerciais da televisão, nas ruas das cidades, nos supermercados e fica com a sensação que esbanjam saúde. Quase todos ainda registrando lucros fantásticos. Mas, estão mortalmente feridos. E se não conseguirem fazer a transição a tempo, permanecerão na paisagem e na história. E a maioria não conseguirá. Estão de tal forma aprisionados a um modelo organizacional que não revelam a mobilidade, sensibilidade e lucidez mínimas para se implodirem e reconstruírem. Atravessarem a ponte que brevemente cairá. Da sociedade industrial, para a sociedade de serviços. Do mundo antigo, vertical e da “grana”. Para o novo, horizontal, colaborativo e do conhecimento.

Estão todos, sorrindo nervosamente, do outro lado da ponte. Vacilam. Esperam alguém criar coragem e começar a agir. E, vez por outra, recebem a notícia de alguém que se fossilizou. A última notícia foi a do DINOSSAURO KODAK. E neste momento, todos começam a olhar insistentemente para quem sabem o próximo, o DINOSSAURO HP.

Suas ações já despencaram pela metade. Levou 20 anos para conquistar a liderança mundial do mercado de computadores pessoais e nas comemorações descobriu que não possui nenhuma competitividade diante dos fabricantes coreanos que, literalmente, vão passar por cima.

A nova CEO da HP, que tenta corrigir os estragos do “vendaval” CARLY FIORINA, MARGARET CUSHING WHITMAN – MEG WHITMAN -, deu um tempo em sua aposentadoria, a sua carreira política, deixou de lado sua fortuna de US$ 1,3 bi – a quarta mulher mais rica do estado da Califórnia (USA) – e resolveu encarar o desafio. Em recente entrevista ao THE WALL STREET JOURNAL fala de sua estratégia para conseguir salvar a empresa: “No terceiro trimestre (2012) vamos lançar um tablet com windows 8. Precisamos nos mover mais rápido no mercado de tablets do que fizemos no passado”… “Uma empresa nunca realiza uma reestruturação sem muita reflexão porque são decisões muito difíceis que afetam muitas vidas” (a HP vai demitir 27 mil colaboradores nos próximos dois anos)… “Demoramos para chegar ao ponto onde estamos e levaremos um bom tempo para sairmos dessa situação; não será uma correção da noite para o dia”… “A HP não é uma empresa quebrada. É uma empresa forte que precisa de liderança, precisa de foco”…

Só se esqueceu de falar da desconstrução e reconstrução da empresa. E sem se implodir, sem se libertar das amarras de uma cultura mais que adequada para o mundo velho, as chances de sobrevivência são próximas de zero. Quem será o próximo DINO?

 

Francisco Alberto MADIA de Souza é considerado a maior autoridade em marketing do país, segundo pesquisa realizada pela Toledo e Associados para a ADVB – Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil. Trabalhando há 44 anos em marketing, há 31 MADIA é Diretor Presidente e Sócio do MADIAMUNDOMARKETING – empresa líder em Consultoria de Marketing.

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